A startup japonesa Sakana AI revelou uma abordagem inovadora para o desenvolvimento de inteligência artificial com o lançamento das chamadas Continuous Thought Machines (CTMs) — modelos que imitam o raciocínio temporal do cérebro humano, processando informações em etapas sequenciais ao longo do tempo, em vez de tomar decisões instantâneas como os sistemas de IA tradicionais.
Inspirados pela neurociência, os CTMs se diferenciam por considerar como a atividade interna do modelo evolui em tempo real, um contraste direto com os modelos estáticos e determinísticos atuais, que operam em modo one-shot, com respostas rápidas e fixas. Em cérebros biológicos, a sincronia e o tempo de ativação dos neurônios desempenham papel crucial na formação de pensamento e aprendizado — e é exatamente esse princípio que a Sakana busca replicar.
Durante as demonstrações, a empresa mostrou o CTM resolvendo labirintos complexos, onde o modelo rastreava caminhos possíveis passo a passo, como se estivesse deliberando antes de agir. Em outro exemplo, o CTM realizava reconhecimento de imagem, mas ajustava o tempo dedicado a cada parte da imagem conforme o nível de dificuldade de identificação — mostrando um comportamento de alocação de atenção dinâmica.
Essa arquitetura inaugura uma nova direção para modelos de IA que buscam maior adaptabilidade, raciocínio estratégico e consciência contextual — características fundamentais da inteligência humana que faltam em IAs convencionais.
A Sakana, cofundada por ex-líderes da Google Brain e DeepMind, se posiciona como um dos poucos players que abertamente rejeitam abordagens puramente matemáticas em favor de princípios inspirados na biologia e na natureza. Com as CTMs, a empresa dá um passo ousado rumo a sistemas que não apenas respondem, mas realmente pensam — com tempo, intenção e estratégia.
Se a abordagem se provar escalável, os CTMs podem se tornar uma peça-chave para o futuro da IA geral, onde a fluidez, a reflexão e o aprendizado contínuo não serão mais exclusivos dos seres humanos.
