A OpenAI anunciou que manterá o controle de sua entidade sem fins lucrativos, mesmo ao transformar sua unidade de negócios com fins lucrativos em uma Public Benefit Corporation (PBC) — estrutura utilizada por empresas como Anthropic e Patagônia que buscam equilibrar retorno financeiro e impacto social. A decisão representa um recuo estratégico em relação aos planos anteriores da empresa de se tornar totalmente voltada ao lucro.
Com a nova estrutura, a organização fundadora sem fins lucrativos continuará sendo a principal acionista e terá controle de governança sobre a PBC, garantindo que decisões críticas sigam alinhadas à missão original da OpenAI: garantir que a inteligência artificial geral (AGI) beneficie toda a humanidade.
A mudança ocorre em meio a pressões de grupos cívicos, ex-funcionários e uma batalha judicial com Elon Musk, que criticou publicamente o afastamento da empresa de seus princípios fundacionais. O CEO Sam Altman teria explicado internamente que a nova estrutura permitirá à organização acessar trilhões em capital de forma mais ética, mantendo o foco no bem público e evitando a captura total por interesses comerciais.
A adoção do modelo PBC é vista como uma tentativa de “costurar os dois mundos”: preservar o compromisso com o bem comum, enquanto se torna viável economicamente em um cenário em que o desenvolvimento de AGI exige investimentos colossais. A decisão também gera incertezas quanto a investimentos já anunciados — como os potenciais US$ 40 bilhões da SoftBank — que estavam condicionados a uma estrutura tradicional de lucro.
Com isso, a OpenAI tenta reposicionar sua narrativa frente ao público, reguladores e investidores: uma organização guiada por princípios, mas ciente do custo real de liderar a corrida pela inteligência artificial do futuro. O tempo dirá se essa estrutura híbrida será suficiente para manter a confiança da sociedade e, ao mesmo tempo, atrair os recursos necessários para competir com gigantes como Google, Meta e Anthropic.
