A disputa entre Elon Musk e a OpenAI ganhou um novo capítulo com a startup entrando com uma contrademanda judicial, acusando seu cofundador de promover uma campanha “ilegal e injusta” para sabotar a organização e sua missão original. A ação judicial, protocolada na quarta-feira, pede que Musk seja proibido de continuar com o que a OpenAI descreve como ações deliberadas para desestabilizar a instituição.
Elon’s nonstop actions against us are just bad-faith tactics to slow down OpenAI and seize control of the leading AI innovations for his personal benefit. Today, we counter-sued to stop him.
— OpenAI Newsroom (@OpenAINewsroom) April 9, 2025
Segundo a petição, os ataques de Musk — que incluem declarações públicas, ações judiciais e uma suposta tentativa de aquisição forjada — têm ameaçado as relações estratégicas e a governança da empresa, colocando em risco a capacidade da OpenAI de “atuar em benefício do interesse público.”
A defesa de Musk rebateu, afirmando que sua proposta de compra da divisão sem fins lucrativos da OpenAI era séria e deveria ter sido considerada pelo conselho. O advogado Marc Toberoff alegou que a negativa mostra que a OpenAI não está disposta a negociar pelo “valor justo de mercado” de seus ativos.
Musk processou a OpenAI em fevereiro, acusando a empresa de trair sua missão fundacional de beneficiar a humanidade com IA ao se tornar uma entidade com fins lucrativos. Fundada em 2015 como uma organização sem fins lucrativos, a OpenAI adotou em 2019 o modelo de “lucro limitado” e agora planeja uma nova reestruturação para se tornar uma “public benefit corporation”, o que acirrou o conflito.
O bilionário chegou a pedir um mandado judicial preliminar para barrar essa transição, mas o pedido foi negado. A ação, no entanto, seguirá para julgamento por júri em 2026. A OpenAI, por sua vez, precisa concluir a reestruturação até 2025 ou pode ter que devolver parte do capital arrecadado nos últimos anos.
A controvérsia mobilizou também organizações civis e trabalhistas, como os Teamsters da Califórnia, que pediram ao procurador-geral do estado que bloqueie a conversão da OpenAI em empresa lucrativa, alegando que a entidade “não protegeu seus ativos filantrópicos” e estaria desviando sua missão em favor de interesses corporativos.
Apesar disso, a OpenAI reafirma que pretende manter e expandir sua atuação beneficente, canalizando mais recursos para educação, saúde e ciência. Em publicações recentes, a empresa declarou: “Estamos prestes a construir a organização sem fins lucrativos mais bem equipada do mundo — não a estamos abandonando.”
Sobre Elon Musk, a posição é clara: “Ele nunca esteve comprometido com a missão. Sempre teve sua própria agenda.”
A disputa expõe tensões profundas sobre o futuro da IA, ética empresarial e a fronteira entre inovação tecnológica e responsabilidade social — e seu desfecho pode redefinir os rumos da governança da inteligência artificial nos próximos anos.