Um novo estudo apresentado no ESCMID Global 2025 revelou que a inteligência artificial pode diagnosticar tuberculose pulmonar com mais precisão do que especialistas humanos, representando um avanço crucial para o enfrentamento da doença em contextos de baixa infraestrutura médica.
A pesquisa, liderada pelo Hospital Universitário de Lausanne, na Suíça, avaliou a eficácia da IA ULTR-AI, um sistema treinado para interpretar imagens de ultrassom pulmonar capturadas por dispositivos móveis conectados a smartphones. O modelo utiliza uma fusão de três arquiteturas diferentes de IA, otimizadas para combinar leitura de imagem, detecção de padrões e precisão diagnóstica.
Em testes com 504 pacientes — dos quais 38% tinham tuberculose confirmada — o ULTR-AI alcançou 93% de sensibilidade e 81% de especificidade, superando o desempenho de médicos especialistas em 9 pontos percentuais. Além disso, o sistema demonstrou capacidade de detectar lesões pleurais sutis invisíveis ao olho humano, ampliando o potencial de diagnósticos precoces.
O impacto potencial do ULTR-AI é significativo, especialmente diante do aumento global nos casos de tuberculose e da escassez de exames acessíveis em regiões remotas ou com poucos recursos. Por funcionar em tempo real via aplicativo móvel, o sistema pode ser utilizado até por profissionais com treinamento mínimo, tornando-se uma ferramenta estratégica para ampliar a triagem em comunidades vulneráveis.
A Organização Mundial da Saúde já havia estabelecido metas para testes diagnósticos que não dependessem de escarro — muitas vezes indisponível ou de difícil coleta — e o ULTR-AI supera esses parâmetros, abrindo caminho para soluções escaláveis, baratas e precisas em saúde pública global.
Essa tecnologia representa um novo paradigma no combate à tuberculose: a união entre IA e dispositivos móveis acessíveis promete descentralizar o diagnóstico, salvar vidas e fortalecer os sistemas de saúde em locais onde cada minuto e cada recurso contam.