A IA mais avançada da Google, o Gemini 2.5 Pro, acaba de conquistar uma façanha curiosa: completar o clássico jogo Pokémon Blue, lançado originalmente em 1996 para o Game Boy. O feito foi comemorado pelo próprio CEO do Google, Sundar Pichai, que publicou em sua conta no X: “Que final! Gemini 2.5 Pro acabou de terminar Pokémon Blue!”
Embora o projeto não tenha sido conduzido diretamente pela Google, ele contou com o apoio entusiasmado de seus executivos. A iniciativa surgiu pelas mãos de Joel Z, um engenheiro de software de 30 anos, sem vínculo com a empresa, que criou o projeto “Gemini Plays Pokémon” como um experimento para testar as capacidades da IA em jogos clássicos.
Joel explica que houve intervenções técnicas no processo, mas nega qualquer tipo de “trapaça”. Segundo ele, essas intervenções “melhoram a capacidade geral de tomada de decisão e raciocínio do Gemini”, sem oferecer dicas diretas ou soluções específicas para desafios do jogo. A única exceção foi um bug histórico: Gemini foi avisado que precisava falar duas vezes com um personagem da Equipe Rocket para conseguir um item essencial — algo que foi corrigido apenas em versões posteriores do jogo.
Apesar das adaptações, o experimento trouxe resultados notáveis. O Gemini conseguiu obter as oito insígnias e completar o jogo, algo que nem mesmo o rival Claude, da Anthropic, conseguiu realizar até agora. Claude havia sido destaque em fevereiro por sua performance em Pokémon Red, versão irmã de Blue, com bom progresso, mas sem completar o jogo. Joel Z, no entanto, fez questão de frisar: “Não encarem isso como um benchmark absoluto”. Claude e Gemini operam com ferramentas diferentes, em ambientes distintos e com interfaces técnicas próprias, o que inviabiliza comparações diretas.
O sistema funciona por meio de um “agent harness”, ou estrutura de agentes, que fornece ao modelo capturas de tela do jogo com dados sobrepostos, além de recursos auxiliares como agentes especializados para interpretar situações e executar comandos. A IA então decide a ação a ser tomada com base nas informações visuais e de contexto, e o sistema envia o comando correspondente ao jogo.
A conquista de Gemini reacende o debate sobre a utilidade das IAs em tarefas criativas, imprevisíveis e não estruturadas, como jogos. Embora seja um marco divertido, ele também mostra os limites e desafios de se medir inteligência artificial por desempenho em jogos — especialmente quando a linha entre autonomia e assistência humana ainda é tão tênue.
No fim das contas, a Google pode não ter ganhado a liga Pokémon oficialmente, mas mostrou que o treinamento e orquestração de múltiplos agentes está se tornando um diferencial relevante na nova geração de IAs. E se depender do entusiasmo de seus desenvolvedores, “Artificial Pokémon Intelligence” pode ser só o começo.