Um dos marcos mais icônicos da história da inteligência artificial acaba de ser superado. Pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego demonstraram que modelos de linguagem de última geração, como o GPT-4.5, da OpenAI, agora conseguem passar consistentemente o Teste de Turing — o famoso desafio proposto em 1950 por Alan Turing para avaliar se uma máquina pode imitar um ser humano com sucesso em uma conversa.
No experimento, juízes humanos participaram de uma configuração de três partes: cada um conduziu conversas simultâneas com um humano e um modelo de IA por cinco minutos, sem saber quem era quem. O objetivo era decidir qual dos dois era o ser humano real com base apenas no conteúdo textual.
O GPT-4.5, quando orientado a adotar uma persona específica, enganou os avaliadores em 73% das vezes, superando até mesmo os próprios participantes humanos em autenticidade percebida. A Meta também obteve resultados expressivos com seu LLaMa-3.1-405B, que alcançou 56% de sucesso. Modelos menos avançados, como o GPT-4o, tiveram desempenho mais modesto, com cerca de 20% de acertos.
O mais impressionante é que os juízes se basearam principalmente em elementos de conversas casuais, sinais emocionais e relatos do dia a dia — e não em conhecimento técnico. Mais de 60% das interações envolviam temas como rotinas, sentimentos e experiências pessoais, reforçando o quanto os modelos evoluíram na simulação de nuance emocional e espontaneidade humana.
Embora o Teste de Turing tenha sido por décadas considerado o “santo graal” da IA, os resultados de hoje já não causam o mesmo espanto. Isso porque a fronteira entre humano e máquina está se tornando cada vez mais indistinta, especialmente com a chegada de agentes multimodais que integram texto, voz, imagem e vídeo em tempo real.
A pesquisa marca o fim de uma era simbólica — mas também o início de uma nova fase de desafios sociais, éticos e epistemológicos. Agora que a IA não apenas imita, mas convence, o mundo terá que reavaliar como definimos identidade, confiança e autenticidade em uma era onde “parecer humano” não é mais exclusividade dos humanos.