Em um marco para a saúde mental digital, pesquisadores da Dartmouth publicaram os resultados do primeiro ensaio clínico envolvendo um chatbot terapêutico com inteligência artificial. A ferramenta, chamada Therabot, foi capaz de oferecer tratamento com eficácia comparável à terapia cognitiva comportamental tradicional, considerada o padrão ouro no tratamento de transtornos como depressão, ansiedade e distúrbios alimentares.
O Therabot foi treinado com base em práticas terapêuticas cientificamente validadas e incluiu protocolos de segurança integrados para situações de crise, operando sempre sob supervisão de profissionais da saúde mental. Durante o período de 8 semanas do estudo, os participantes usaram o chatbot via smartphone por cerca de 6 horas no total — o equivalente a 8 sessões tradicionais de terapia.
Os resultados foram expressivos: houve uma redução de 51% nos sintomas de depressão e 31% nos de ansiedade. Além disso, os participantes relataram níveis elevados de confiança e vínculo terapêutico com a IA, indicando que a interação não apenas foi eficaz, mas também emocionalmente significativa.
Muitos usuários mantiveram o engajamento de forma espontânea e disseram sentir-se confortáveis conversando com o Therabot, algo raramente observado em terapias humanas no estágio inicial. O chatbot demonstrou habilidade para oferecer suporte estruturado, empático e consistente, sem o constrangimento que muitas pessoas ainda sentem ao buscar ajuda psicológica.
Em um mundo onde o acesso a cuidados em saúde mental ainda é limitado — especialmente em regiões remotas ou com poucos profissionais qualificados —, soluções como essa podem representar uma virada global no modelo de suporte emocional e terapêutico.
Mais do que uma alternativa, a IA pode se tornar uma porta de entrada essencial para milhões de pessoas que, de outra forma, jamais receberiam atendimento adequado, ajudando a quebrar barreiras de estigma, custo e disponibilidade. A era da terapia acessível, empática e escalável com IA pode estar apenas começando.
